Assim, esta mostra convida a um percurso – voo – que eclode da observação de camas quentes, das quais se acabou de levantar alguém, ocorrendo nesse instante a primeira inversão do eixo de observação, abandonando as representações o eixo horizontal boca/ânus característico do estado animal, para ascenderem ao eixo vertical, estatuto reservado ao Homem enquanto ser superior.
Percurso que remete ainda para uma dimensão cartográfica, através da qual ficcionamos o papel de Ícaro ao sobrevoar estes mapas, mapas que fazem sonhar, tal como as ilhas ou os territórios desconhecidos 2 e, tal como nos descreve a lenda mitológica, também nós não resistimos à tentação de voar demasiado perto do Sol, sendo forçados irremediavelmente a retornar ao ponto de vista iniciático – horizontal – à (pela) condição de meros mortais.”