Em Sal Henrique Vieira Ribeiro apresenta-nos um conjunto de trabalhos que se alinham tanto pela qualidade plástica como ainda pela profunda camada de sentido sobre a qual se forma frequentemente o seu trabalho.
Em primeira instância, ressalta o fascínio sobre o mundo natural, onde cativo o olhar do artista toma para si a transformação, a ondulação e a correlação dos elementos. A enunciação de fenómenos naturais, como reações químicas do sal contra os diferentes tipos de solo, abre portas ao universo das grandes dicotomias e ainda, dos símbolos universais do Sagrado.
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Suspeição do divino – evidencia-se aqui o estreito entre religião e arte que se funda nessa potência do ato criativo humano. Como sugere Ernst Cassirer elas parecem “variações sobre o mesmo tema” que talvez desponte de um arrebatamento, de um fervor particular da alma e dos sentidos, de uma superação ou extrapolação de si, de um sentimento intraduzível de algo como a fé.
Em “Sal da Terra e Luz do Mundo” [Mateus 5] – purificação, sabedoria e elevação – estamos perante muito mais que referências bíblicas do artista, estamos perante imagens da dimensão e ambição humana, das relações poéticas e imaginárias que estabelecemos com a natureza, imagens que se elevam e crescem em nós, e que nos elevam, preenchendo-nos quiçá, do mesmo sentido contemplativo que terá levado tantos homens em pontos temporais e geográficos tão distantes a relacionarem-se e fabularem copiosamente sobre estes mesmos temas.
Andreia César