Templum consiste numa série de doze desenhos, que visam a exploração da dispersão, das viagens preconizadas através desta prática: partindo dos livros de registos, que representam uma base de dados que contém, entre outras informações, o número de ordem dos contatos, a data com a hora (com precisão ao minuto) em que foram efetuados, e ainda a sua localização, procedeu-se à seleção dos dias em que foi registada uma quantidade compreendida entre cem e duzentos contatos.
Esta informação é então materializada num pepel vegetal, colocada sobre um mapa-mundo, originando o percurso efetuado em cada dia um desenho diferente. Esse percurso vai sendo registado através de segmentos de reta, de ponto em ponto, construindo uma forma poligonal que apenas pode ter lugar neste espaço, neste contexto.
Após uma série de etapas, que vão desde à criação de stencils, até à passagem da informação para o suporte final, os pontos são numerados consoante a ordem estipulada no livro de registos original.
O título da série tem a sua origem na tradição romana, sendo o Templum um local escolhido pelos áugures para contemplar os astros, de modo a tirar ilações a partir da leitura do espaço celeste. Este é um aspeto que se revelou determinante, uma vez que provoca uma inversão do significado dos desenhos, devido ao fato das composições serem uma interpretação dos percursos efetuados por Paulo V – marcados na superfície da Terra – e remeterem para a representação de constelações.