“(…)Estas imagens espectrais e enigmáticas (Génesis II) operam, nas suas inesperadas formas, forças e ritmos, à fixação de recordações de luz – a matéria perde densidade e tudo passa a ser visto, entre os mesmos profundos cinzentos, pela sua incandescência, pela sua natureza luminosa obscurecida, atemporal e infinita.
Génesis I enceta o jogo da dualidade entre o positivo-negativo, delineando agora um percurso que parte da imagem para a matriz. Mais que a derivação do mesmo tema, Génesis II assinada a recuperação materializada da luz, provinda do sóbrio e ritmado alinhamento de colunas retangulares –
como verdadeiros sustentáculos de cintilação – a luz trespassa as subtilezas das matrizes, para cessar a sua função de médium de toda a visibilidade e revelar-se a si, ofuscante, como se eclodisse, como se buscasse determinar em absoluto a sua referência simbólica, a da excrescência divina, enquanto vida que não cessa de se fazer, se excrescer[1](…)”
Andreia César, 2016 (excerto do texto “TREMOR”)