Esclarece-nos a mitologia grega, que Zeus terá incumbido Prometheus da tarefa de trazer à vida os não-imortais – ou seja, os animais e os homens – distribuindo entre estes valências e qualidades de modo equilibrado. Mas Prometheus (deus da memória, do conhecimento) delega esta tarefa no seu irmão gémeo Epimetheus (deus do esquecimento e das desculpas); este, quando chegou à altura de criar o Homem, apercebeu-se de que já não tinha qualidades disponíveis, não tinha nada com que o apetrechar[1].
Protágoras, através de Platão, conta-nos então que Prometheus, de forma a corrigir o esquecimento do seu irmão, terá roubado de Hephaestus o dom do fogo, símbolo da técnica, e de Athena a inteligência[2], capacidade à época equivalente à arte, contemplando então o homem com estas valências. Este facto desagradou a Zeus, uma vez que deste modo, e graças ao esquecimento de Epimetheus, os humanos foram colocados ao nível dos deuses, capazes de se equipar através da construção de próteses – técnica – e da capacidade criadora, de formar vida – Arte…