(…) objetos fotográficos, que ao serem utilizados como suporte de mensagens pessoais em uma das suas faces, são transformados em elementos únicos – não enquanto representações fotográficas, mas sim enquanto objetos fotográficos – funcionando as mensagens como um reforço da função de substituição da pessoa representada no retrato (…) contudo, estes objetos possuem duas faces, sendo a imagem fotográfica que serve de pretexto aos escritos, de elemento mnemónico. O que o olhar sobre estes retratos revela é um ritual manifestado pela pose, uma procura falhada da fotogenia, em que a expressão, a posição do retratado, assim como o fundo seguem um padrão.
Assim, a partir da seleção de fragmentos de retratos com analogias formais, mas de diferentes pessoas, origina-se um retrato que pode ser entendido como uma alusão a todos os rostos patentes nas dedicatórias (…) na apropriação destes objetos, num cenário criado para esse efeito, procedeu-se a um registo fotográfico integral de ambos os lados do suporte (papel). Desta forma, os objetos foram sujeitos, também eles, a um ritual de pose, a uma presença da fotografia dentro da fotografia.